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terça-feira, 31 de maio de 2011

Relatório sobre soja destaca ameaças e soluções para o meio ambiente

Relatório da Rede WWF apoiado pelo WWF-Brasil (atalho para download ao lado) destaca a crescente demanda mundial por soja e seu impacto sobre ambientes sensíveis em todo o mundo, como o Cerrado. 

A soja é plantada predominantemente para alimentação de animais e produção de óleo. Seu principal uso é para a alimentação de aves, suínos e gado. Nos últimos 15 anos, a produção desse grão duplicou, em grande parte devido ao aumento do consumo global de carne, bem como seu uso em alimentos, biocombustíveis e outros produtos.

Cerca de dois terços da soja produzida no mundo é exportada, sendo a China e os Estados Unidos os maiores importadores. Estados Unidos também são o maior exportador mundial de soja em grão e de outros produtos. Enquanto isso, a sojicultura se expande sobre terras e florestas na América do Sul, principalmente no Brasil, Argentina, Paraguai e Bolívia.

E para atender a esse aumento da demanda, cada vez mais terras se destinam às plantações de soja. Só no Brasil, as plantações já têm área equivalente à do Reino Unido (Irlanda do Norte e Grã-Bretanha), ou 245 mil quilômetros quadrados. Tal expansão é feita, quase sempre, às custas da destruição de habitats naturais, como acontece no Cerrado, abrigo de 5% de toda a biodiversidade do planeta. A degradação do Cerrado ocorre em escala semelhante à da Amazônia, porém em ritmo mais acelerado.

Além disso, as emissões de dióxido de carbono oriundas da conversão do Cerrado (o governo brasileiro estima que elas equivalem à metade das emissões do Reino Unido em 2009) provavelmente já superam as emissões provocadas pelo desmatamento da Amazônia.

O Reino Unido importa mais de 70% da soja que consome, diretamente do Brasil e da Argentina. Por isso, produtores de alimentos, varejistas e consumidores têm a responsabilidade e a oportunidade de, ao comprar e consumir, diminuir a pressão sobre regiões como o Cerrado.

O WWF-Reino Unido faz um apelo para que os supermercados, produtores e agricultores adotem sistemas que tenham credibilidade, sustentabilidade e sejam baseados nos interesses da coletividade. Esse é o caso da Associação Internacional para a Soja Responsável ou RTRS (sigla em inglês para Round Table for Responsible Soy), que estabelece padrões ambientais e sociais para a produção de soja. A Rede WWF faz parte do grupo fundador da RTRS. 

Essa associação estabelece critérios para a produção de soja, incluindo a proteção da biodiversidade e das florestas naturais, bem como de outras áreas importantes para a conservação ambiental.  Além disso, estabelece critérios para respeitar as reivindicações de posse da terra e garantir condições de trabalho justo para a população local. Todos itens indispensáveis para qualquer país produzir e comercializar em mercados globais cada vez mais exigentes.

A coordenadora sênior de Políticas de Gado e de Soja do WWF-Reino Unido, a brasileira Isabella Vitalli, afirmou que : “Ao consumir o gado criado com soja, os consumidores do Reino Unido contribuem, involuntariamente, para a destruição de alguns dos habitats mais valiosos do mundo. A Rede WWF acredita que sistemas como o da RTRS podem ser uma forma eficaz de lidar com os problemas associados à expansão da soja e ajudar a preservar habitats únicos para as gerações futuras”.

“No entanto, a RTRS não é uma “bala de prata”. Há outras formas de reduzir o impacto da agricultura da soja em áreas como o Cerrado, como diminuir o consumo de carne, reduzir o desperdício e apoiar a adoção de uma legislação eficaz para proteger habitats valiosos”, ressaltou Vitalli.

Este ano já é possível adquirir soja com o selo RTRS e, portanto, o WWF do Reino Unido pede a adesão das empresas naquele país ao sistema. Com isso, ajudarão a criar uma demanda por soja certificada e a ampliar a iniciativa. No Reino Unido, já fazem parte da RTRS as empresas M&S, Waitrose, Asda e Unilever, além de produtores de insumos agrícolas, de ração animal e de biocombustíveis.

Para a secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú, estudos como esse demonstram que em uma economia globalizada há uma interdependência entre produção, consumo e impactos socioambientais. “Estimular a produção e o consumo responsáveis é um dever de todos, produtores, governos e consumidores. Hoje há um interpendência acentuada entre mercados, e é fundamental a valorização de produtos ambientalmente corretos”, afirmou.

Os consumidores do Reino Unido estão sendo mobilizados para apoiar a campanha pedindo a adesão de supermercados à RTRS.


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