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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

INCA lança publicação sobre câncer no Brasil com novo panorama da doença


Entre as cidades pesquisadas, as mais altas incidências, entre homens
e mulheres, estão em Porto Alegre, Goiânia e São Paulo
  
Do total dos tumores diagnosticados, em 17 Registros de câncer de base populacional (RCBP), cerca de 44% são do tipo chamado in situ – o tipo mais inicial da doença com chance de cura de quase 100%, se tratados adequadamente.  Isso quer dizer que as mulheres estão sendo diagnosticadas precocemente e esse é um dos resultados do Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero.
  
Os mesmos registros revelam que, nas cidades em que os dados foram coletados, as maiores taxas médias de incidência (novos casos de câncer) em homens, por 100 mil habitantes, estão em Porto Alegre (404,16), Goiânia (365,43) e São Paulo (315,82). O mesmo panorama se repetiu em relação às mulheres, com taxas médias de 288,19, em Porto Alegre, 262,82, em Goiânia, e 250,98, em São Paulo. 
  
Os números, consolidados pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), estão no quarto volume da publicação Câncer no Brasil - Dados dos Registros de Câncer de Base Populacional. A pesquisa apresenta a incidência de diversos tumores em 17 cidades, sendo 16 capitais. Os dados foram coletados pelas equipes que trabalham nos registros das cidades que monitoram seus casos de câncer, entre 2000 e 2005, e analisados pela equipe da Divisão de Informação do INCA neste ano. A divulgação dessas informações inéditas marca o Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado em 27 de novembro.
  
O objetivo da publicação é identificar os principais tipos de câncer que afetam as populações das cidades que monitoram os casos de por meio dos registros de base populacional (RCBP). As informações são usadas para o planejamento de ações de prevenção e detecção precoce, investimentos em recursos humanos e financeiros, além de avaliação dos programas já implantados.

 De acordo com o documento, as dez localizações mais frequentes, nos homens, a cada 100 mil habitantes, são pele não-melanoma, próstata, pulmão, cólon e reto, estômago, esôfago, bexiga, laringe, fígado e Sistema Nervoso Central.  Entre as mulheres, os principais cânceres são pele não-melanoma, mama, colo do útero (carcinoma de útero in situ e invasor), cólon e reto, pulmão, tireoide, estômago, ovário e corpo do útero. 

  Tipos de cânceres mais incidentes, segundo sexo – a taxa é apresentada
 do maior para o menor valor por 100 mil habitantes.

Homens Mulheres
Pele não-melanoma                  211,30 a 16,55Pele não-melanoma                  190, 26 a 12,87
Próstata                                    129,62 a 50,01Mama                                          91,79 a 49,61
Pulmão                                       66,61 a 14,29Carcinoma in situ                          40,17 a 9,85
  
Cólon e reto                                  33,96 a 8,77Colo do útero                               35,63 a 10,23
Estômago                                   24,97 a 11,83Cólon e reto                                   24,70 a 9,38
Esôfago                                        18,19 a 4,65Pulmão                                          23,32 a 5,37
Bexiga                                          15,59 a 4,58Tireoide                                          18,30 a 3,80
Fígado                                          11,96 a 1,72Ovário                                            12,05 a 6,28
Laringe                                         11,65 a 7,23   Estômago                                       11,32 a 5,16   
Sistema Nervoso Central              9,50 a 3,96Corpo do útero                               10,05 a 3,97
Fonte: Câncer no Brasil – Dados dos Registros de Base Populacional.
Volume IV INCA/MS/Conprev/Divisão de Informação.

Diferenças regionais e prevenção
A região Norte se destaca por apresentar as maiores taxas de incidência do câncer invasor do colo de útero, o estágio mais avançado da doença: 50,59, em Manaus, e 49,38, em Palmas. Em contrapartida, os registros do Norte e Nordeste contabilizaram aumento nos diagnósticos precoces (carcinoma in situ) do câncer do colo do útero, quando comparado com o levantamento anterior (de 2003) em Manaus (27,78), Natal (16,16), João Pessoa (13,79) e Fortaleza (11,98).

 No Centro-Oeste, Goiânia e Cuiabá também registraram aumento na taxa de diagnóstico desse tipo de tumor (40,17 e 27,08), respectivamente, também comparado ao terceiro volume da série.
"Essa informação mostra que há uma evolução no acesso aos exames de detecção precoce do câncer do colo do útero", afirma o diretor-geral do INCA, Luiz Antonio Santini.

Mama
Nas regiões Sul e Sudeste, o câncer de mama permanece apresentando alta incidência. Em Porto Alegre, a taxa chegou a 91,79, em Belo Horizonte, a 72,67, e em São Paulo a 70,10. 
Ainda na capital gaúcha estão as maiores taxas de incidência para as sete principais localizações, em homens: pulmão (66,61), cólon e reto (33,96), esôfago (18,19), bexiga (15,59), fígado (11,96), laringe (11,85) e Sistema Nervoso Central (9,50).
Para as mulheres, a distribuição entre os RCPB ficou mais heterogênea, entretanto, Porto Alegre também se destacou com as maiores taxas de incidência para mama (91,79), cólon e reto (24,70), pulmão (23,32) e ovário (12,05).

Em relação ao carcinoma invasor do colo do útero, as maiores taxas foram observadas em Cuiabá (35,63), e Goiânia (32,40). Esta cidade também apresentou as maiores taxas para o carcinoma in situ do colo do útero, seguida por Aracaju (27,97).
Os cânceres do colo do útero e da mama são os que mais matam no país: em 2007, os de mama provocaram 11.060 mortes, enquanto os do colo do útero, 4.691. O Ministério da Saúde injetou R$ 94 milhões, fora do orçamento regular, do Programa Mais Saúde, com o objetivo de aumentar a oferta dos exames de mamografia e Papanicolaou no Sistema Único de Saúde (SUS).  Em outubro, o INCA lançou sete novas recomendações, baseadas em ações de prevenção, detecção precoce e qualidade na informação para reduzir a mortalidade por câncer de mama.

Para prevenir o câncer do colo do útero, a recomendação é que as mulheres entre 25 e 59 anos realizem o exame preventivo periodicamente. De acordo com o MS, 79% das brasileiras acima dos 25 anos já realizaram ao menos uma vez o exame.  A meta do órgão é que as mulheres dessa faixa etária realizem o preventivo pelo menos uma vez a cada três anos.
Próstata e PulmãoNo caso dos homens, as cidades do Sul, Centro-Oeste e Sudeste permanecem registrando as taxas mais elevadas dos tumores da próstata e do pulmão. O Ministério da Saúde, no ano passado, investiu mais de R$ 600 milhões em ações da Política Nacional de Saúde do Homem. Por meio da iniciativa, o Governo Federal pretende que 2,5 milhões de homens, na faixa dos 20 aos 59 anos procurem serviços de saúde, pelo menos, uma vez por ano.
O câncer da próstata é mais incidente em Goiânia, Aracaju, Belo Horizonte e Porto Alegre. Já o do pulmão se destaca com as maiores taxas em Porto Alegre, São Paulo e Goiânia. 
Desde o lançamento da série Câncer no Brasil - Dados dos Registros de Câncer de Base Populacional, em 1991, o número de registros participantes saltou de seis para 17. A expectativa é que seja divulgada uma nova publicação da série no prazo de cinco anos.

Paralelamente ao quarto volume do Câncer no Brasil, o ministro Temporão lança, hoje, no INCA, um plano de ação para intensificar o Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero no país, com atenção especial para a Região Norte.
Brasil avança no diagnóstico precoce do câncer do colo do útero, mas persistem as disparidades regionais

Alta incidência no Norte leva Ministério da Saúde e INCA a apresentarem plano de ação, deR$ 115 milhões, para reduzir o tumor no país; foco principal é nos estados da Amazônia

O câncer do colo do útero é o segundo tumor mais frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Por ano, faz 4.800 vítimas fatais e apresenta 18.430 novos casos. A boa notícia é que o país avançou na sua capacidade de realizar diagnóstico precoce: na década de 1990, 70% dos casos diagnosticados eram da doença invasiva. Ou seja: o estágio mais agressivo da doença. Nova pesquisa divulgada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) revela que, atualmente, 44% dos casos são de lesão precursora do câncer, chamada in situ. Esse tipo de lesão é localizada. Mulheres diagnosticadas precocemente, se tratadas adequadamente, têm praticamente 100% de chance de cura.


Os dados sobre o câncer do colo do útero no Brasil fazem parte do quarto volume da publicação Câncer no Brasil – Dados dos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP).

O livro revela a incidência dos tumores mais comuns no Brasil, entre 2000 e 2005, coletados em 17 cidades brasileiras, sendo 16 capitais.  A última edição da pesquisa foi em 2003, com dados de 1995 a 2000. Os números provenientes das cidades que efetivamente monitoram os novos casos da doença são uma espécie de bússola que norteia a estimativa da ocorrência do câncer no país.

 
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anuncia hoje, para marcar o Dia Nacional de Combate ao Câncer, 27 de novembro, um Plano de Ação para Redução de Incidência e Mortalidade por Câncer do Colo do Útero, um investimento de R$ 115 milhões para a prevenção e o controle da doença.  O foco das ações será a região Norte. O principal objetivo do plano é colocar em prática iniciativas, em várias áreas, que, somadas, serão capazes de melhorar o diagnóstico e o tratamento da lesão precursora, evitando o surgimento desse tipo de câncer. É dessa forma que o avanço registrado em prevenção do câncer do colo se converterá em redução da mortalidade. Como a região Norte ainda tem mais casos de câncer desse tumor, será alvo prioritário das ações.
Diferenças regionais
O que motivou o Ministério da Saúde e o INCA a elaborarem um Plano de Ação para prevenir e controlar o câncer do colo do útero, com foco nos estados da Amazônia, é a disparidade regional em relação aos casos da doença.  Na região Norte, o tumor do colo do útero é o mais frequente e também a primeira causa de morte por câncer da população feminina local.

   De acordo com informações dos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP), em Manaus e em Palmas, extremo Norte do país, a taxa de novos casos da doença para cada cem mil mulheres é de 50,59 e 49,38, respectivamente. Já em Porto Alegre, extremo Sul, é de 20,05 para cada cem mil mulheres e em São Paulo, no Sudeste, é de 16,47.

 Apesar de a incidência de casos do câncer do colo do útero ainda ser alta na região Norte, a detecção precoce avançou bastante. Em Manaus, na pesquisa lançada em 2003, revelava que a taxa de incidência do câncer do colo do útero era de 63,71, e em Palmas, de 52,16%.  "O avanço na detecção precoce do câncer é resultado do programa nacional, mas, sem dúvida, precisamos ir além no Norte, por isso elaboramos o Plano de Ação, com foco nessa região", afirma Cláudio Noronha, coordenador de Ações Estratégicas do INCA. "Enquanto os registros de base populacional nos dão a magnitude do problema do câncer do colo do útero, as propostas do Plano de Ação apontam para iniciativas capazes de reduzir a incidência e mortalidade pela doença no país", acrescenta.

Noronha explica ainda que o câncer chamado in situ, também conhecido como "lesão precursora" é tão superficial que não chega a invadir a membrana do colo do útero (epitélio). Por isso, se for tratada adequadamente, a lesão é eliminada, impedindo a progressão da doença e evitando o surgimento do câncer. 
 
Detecção precoce
O câncer do colo do útero é passível de ser prevenido, porque tem lesões precursoras que podem ser detectadas por meio do exame preventivo ou Papanicolaou, e assim tratadas. Esse exame consiste na coleta de material do colo do útero, possibilitando diagnóstico dessas lesões.

Principais ações do Plano
 As propostas do Grupo de Trabalho que serviram de base para a elaboração do Plano  de Ação para Redução de Incidência e Mortalidade por Câncer do Colo do Útero, foram sistematizadas em cinco eixos. Eles englobam desde o fortalecimento do programa de rastreamento (investigação em mulheres sem sintomas) à garantia de qualidade do exame citopatológico e do tratamento adequado das lesões precursoras do câncer do colo do útero. O plano enfoca ainda a intensificação do controle dos tumores na região Norte, e a avaliação de iniciativas alternativas para a doença, como financiamento de pesquisas e estudos-piloto.
Como explica Ana Ramalho, gerente da Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica do INCA, o plano de ação é instrumento para modificar o quadro de mortalidade pelo câncer do colo do útero no país. "Uma mulher no Norte tem hoje duas vezes e meia mais risco de morrer por câncer do colo do que uma mulher que vive no Sudeste. Isso justifica a prioridade para essa região", esclarece Ana, ressaltando, porém, que as ações serão desenvolvidas em todo o país, contemplando o fortalecimento o trabalho de rastreamento feito pelas equipes de Saúde da Família.

Para colocar em prática iniciativas em diversas áreas, como gestão, assistência, capacitação de profissionais de saúde, entre outras, o plano, que prioriza o Norte com o objetivo de redução de 70% na incidência desse tipo de tumor na região, já começou a ser colocado em prática.

Uma das principais ações, que garante o tratamento adequado das lesões precursoras e pode prevenir o avanço da doença, já está em funcionamento no Acre. Naquele estado, desde julho, está em funcionamento o primeiro dos 10 Centros Qualificadores de Ginecologistas para Assistência Secundária às Mulheres com Lesões Intraepiteliais do Colo do Útero.

"Nesses centros, os profissionais são capacitados para tratar as lesões e evitar a sua evolução, questão-chave para controlar a doença na população feminina", diz  Flávia de Miranda Corrêa, ginecologista e analista de Programas Nacionais do INCA.
Integram o Grupo de Trabalho representantes do Ministério da Saúde, do Instituto Nacional de Câncer, da Secretaria de Atenção à Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Secretaria de Vigilância em Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS). Além de representante da Agência Nacional de Saúde Suplementar, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e da Universidade Federal do Pará.

Também colaboraram com o Grupo de Trabalho representantes das secretarias de saúde dos estados da região Norte e membros da Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia (ABPTGIC).

 Prevenção
 No Brasil, o rastreamento populacional para prevenção ao câncer do colo do útero é recomendado, prioritariamente, para mulheres de 25 a 59 anos, por meio da realização do Papanicolaou. A recomendação é periodicidade de três anos, após dois exames consecutivos normais, feitos no intervalo de um ano.

 
A Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD), do IBGE, destaca que o percentual de mulheres na faixa etária alvo submetidas ao exame Papanicolaou pelo menos uma vez na vida aumentou de 82,6%, em 2003, para 87,1%, em 2008.
O Ministério da Saúde destaca, no entanto, que a meta a ser atingida é que 80% das mulheres brasileiras dessa faixa etária façam um preventivo ou Papanicolaou, a cada três anos.
A maior incidência do câncer do colo do útero, no entanto, se dá em mulheres entre 45 e 49 anos de idade, e por ser um tipo que evolui lentamente, a detecção precoce e o tratamento de lesões precursoras têm potencial de cura e de redução da mortalidade pela doença em até 80%.

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