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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sem limite de espaço e de tempo


Inhotim inaugura obras de artistas que têm história com a coleção da instituição

Miguel Rio Branco, Hélio Oiticica e Neville D'Almeida, Dominique Gonzalez-Foerster e Rirkrit Tiravanija. Artistas consagrados no cenário da arte contemporânea mundial que terão trabalhos permanentes inaugurados no Inhotim, no próximo dia 23 de setembro. Além das obras permanentes, o Instituto também vai inaugurar novos trabalhos temporários, de seis diferentes artistas, que estarão expostos nas galerias Mata, Praça e Lago. "Inhotim já conquistou o avanço espacial e conceitual de suas obras", avalia o diretor artístico e curador, Jochen Voz.
 A escolha dos artistas é fruto de um minucioso trabalho da curadoria, que passa anos observando obras que estão sendo desenvolvidas em todo o mundo. "Cada um dos trabalhos selecionados para a nova exposição tem uma história própria com a coleção do Inhotim", conta o curador. É o caso, por exemplo, de Miguel Rio Branco, artista que está sendo colecionado há um bom tempo. "Acompanhamos o trabalho dele pelo menos nos últimos dez anos", explica Volz.
 O desejo institucional de fortalecer a presença dos artistas Hélio Oiticica & Neville D'Almeida na coleção do Inhotim tornou possível a construção de uma galeria permanente dedicada exclusivamente às cinco Cosmococas já produzidas pelos artistas. A galeria, equipada com cinco salas e um hall central, é como um labirinto, sem sequência pré-estabelecida para visitação. "As pessoas podem se perder por horas lá dentro", conta Jochen. No Brasil, as Cosmococas foram exibidas juntas uma única vez, em 2005, no Centro Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro. Para Volz, "poder voltar sempre ao Inhotim e encontrar as cinco obras funcionando é algo muito especial".
 Alguns projetos foram criados de forma comissionada, dentro do conceito de site-specific, isto é, os artistas projetam as obras de acordo com as possibilidades oferecidas pelo lugar escolhido para a montagem e num grande diálogo com a curadoria da instituição. É o caso das obras dos artistas Dominique Gonzalez-Foerster e Rirkrit Tiravanija.
 Instigada pela paisagem ao redor e pela ideia de trabalhar ao ar livre, Dominique criou um parque dentro de outro parque para Desert Park (2010).  "Foi ela mesma quem escolheu o local onde a obra está instalada", informa Jochen. Uma pequena coleção de pontos de ônibus de concreto, pré-fabricados, foi criada pela artista e colocada sobre uma base de areia branca. Para o diretor artístico, a instalação, resultado de cinco anos de trabalho, é uma escultura para ser usada. "Na obra, os visitantes podem aproveitar, entrar e sentar, além de ser um convite a leitura pois alguns livros estão disponíveis dentro dos pontos".
 Para Inhotim, Tiravanija adaptou o trabalho Palm Pavilion, criado originalmente para a 27ª Bienal de São Paulo. "Tiramos a obra de um espaço fechado de uma galeria e colocamos ao ar livre", conta o também curador Rodrigo Moura. Inspirada na famosa construção Maison Tropicale, do arquiteto francês Jean Prouve, a obra tem como tema central o universo das palmeiras e foi pensada de forma conjunta entre artista, curadoria artística e curadoria botânica do Instituto. Cerca de 130 indivíduos de sete espécies diferentes de palmeiras estão plantadas no local. "Neste caso abusamos da diversidade", relata o curador botânico, Eduardo Gonçalves.
 Galerias temporárias
Trabalhos já apresentados antes e que se encaixam perfeitamente à linha curatorial do Inhotim serão inaugurados em caráter temporário nas galerias Mata, Praça e Lago. A cada dois anos, a instituição reconfigura alguns de seus espaços expositivos para instalar obras que ainda não foram expostas no Instituto, ou foram adquiridas recentemente. "Com isso criamos uma rotatividade e uma dinâmica de nossa coleção", conta o curador Rodrigo Moura.
Na nova mostra temporária, apenas obras de dois artistas já estiveram em exposição no Instituto. É o caso dos brasileiros Ernesto Neto e Alexandre da Cunha. Além deles, as exposições por tempo determinado, cerca de dois anos, recebem trabalhos dos artistas Diango Hernández, Laura Vinci, Marcellvs L e Marcius Galan.
 Desde a inauguração do Inhotim, ocorrida em outubro de 2006, todos os anos novas exposições foram inauguradas, com exceção de 2007, período em que o Inhotim se firmou como um dos espaços mais importantes da arte contemporânea mundial. Para Jochen Volz, o constante crescimento, e o tempo em que as obras ficam expostas é o diferencial da instituição. "A proposta do Inhotim é trabalhar sem as limitações de tempo e espaço. Por isso optamos por uma temporalidade muito extensa em nossas exposições. E essa possibilidade de crescer sempre é um privilégio que estamos trabalhando" afirma.
Os curadores
   Allan Schwartzman, curador-chefe de Inhotim, é um dos fundadores do New Museum, em Nova York. Foi crítico de arte de várias publicações internacionais, como The New York Times e Artforum International. Atualmente trabalha como consultor para coleções particulares nos Estados Unidos.
 Jochen Volz é curador e diretor artístico do Instituto Inhotim (Brumadinho - MG). Foi co-curador da 53a Bienal de Veneza em 2009 e curador convidado da 27ª Bienal de São Paulo em 2006. Entre 2001 e 2004, foi curador do Portikus em Frankfurt/Alemanha. Como crítico colabora para revistas e publicações especializadas.
 Rodrigo Moura é curador do Inhotim, editor e crítico de arte. Foi curador assistente (2001-2003) e curador (2004-2006) do Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte. Em 2008, foi curador da mostra "Paralela – De perto e de longe", no Liceu de Artes e Ofícios, em São Paulo, e, em junho de 2009, da exposição "Mirante", individual de Mauro Restiffe no Photo España, em Madri.
 Instituto Inhotim
 O Inhotim caracteriza-se por oferecer um grande conjunto de obras de arte, expostas a céu aberto ou em galerias temporárias e permanentes, situadas em um Jardim Botânico, de rara beleza. O paisagismo teve a influência de Roberto Burle Marx (1909-1994) e em toda a área são encontradas espécies vegetais raras, dispostas de forma estética, em terreno que conta com cinco lagos e reserva de mata preservada. O Instituto Inhotim, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, além desses espaços de fruição estética e de entretenimento – que lhe garantem um lugar singular entre outras instituições do gênero - desenvolve também pesquisas na área ambiental, ações educativas e um significativo programa de inclusão e cidadania para a população do seu entorno. 

 Arte Contemporânea
 O acervo artístico abriga mais de 500 obras de artistas de renome nacional e internacional, como Adriana Varejão, Helio Oiticica, Cildo Meireles, Chris Burden, Matthew Barney, Doug Aitken, Janet Cardiff, entre outros. O Inhotim se diferencia de outros museus por oferecer ao artista condições para a realização de obras que apenas em seu parque poderiam ser construídas.
O acervo do Inhotim vem sendo formado desde meados de 1980, com foco na arte produzida internacionalmente dos anos 1960 até os nossos dias. Pintura, escultura, desenho, fotografia, vídeo e instalações de renomados artistas brasileiros e internacionais são exibidos em galerias espalhadas pelo Jardim Botânico.
Meio ambiente
 A área total do Jardim Botânico Inhotim, em constante crescimento, está distribuída em seus dois principais acervos: Reserva Natural, com 300 hectares de mata nativa conservada, e área de visitação, com
100 hectares de jardins de coleções botânicas e cinco lagos ornamentais que somam 3,5 hectares de área.

 Mas os jardins de Inhotim não são somente um local de contemplação estética. É neste contexto que Inhotim realiza estudos florísticos, catalogação de novas espécies botânicas, conservação ex situ e uso paisagístico de espécies como forma de sensibilização popular pela preservação da biodiversidade.
 Atualmente são cultivadas, no Jardim Botânico Inhotim, mais de 4.500 espécies de plantas. O acervo botânico é bem representado por grupos com valor paisagístico, sendo uma das maiores coleções de palmeiras do mundo, com mais de 1.300 espécies crescendo nos viveiros e jardins.
 Inclusão e Cidadania
 O Inhotim tem se tornado um vetor fundamental para o desenvolvimento socioeconômico do município de Brumadinho e de seu entorno. Projetos como o Inhotim Encanto e Coral e Iniciação Musical valorizam a vocação da região e mobilizam crianças, jovens e adultos. Importante interlocução também tem sido estabelecida com os empresários da região para o incremento de suas atividades econômicas, além de diversos projetos em parceria com o poder público local.

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